quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Borboletas

As borboletas pertencem à ordem Lepidoptera (Linnaeus, 1758) e representam o segundo maior grupo, em número de espécies, dentro da classe Insecta (Linnaeus, 1758). Nesta Ordem de insetos, onde existem cerca de 180.000 espécies, estão agrupadas as borboletas e as mariposas. O registro fóssil mais antigo é de cerca de 60.000.000 da anos atrás. Muitas borboletas atraem a atenção das pessoas por suas cores vistosas e seu voo gracioso. Estes insetos alados, com dois pares de asas, têm seu corpo dividido e cabeça, tórax e abdome. Seus três pares de patas fixam-se ao tórax. O nome da ordem se deve pelo fato destes animais apresentarem suas asas cobertas parcialmente ou totalmente por escamas, daí o nome Lepidoptera (Lepido=escamas, ptera= asas). Uma pergunta muito comum é como diferenciar as borboletas das mariposas. A resposta é simples, as borboletas sempre apresentam na extremidade de suas antenas uma dilatação arredondada ou em forma de clava, e as mariposas não. As borboletas são seres holometabólicos, ou seja, apresentam quatro fases no seu ciclo de vida que são: ovo, larva (lagarta), pupa (crisálida) e imago (adulto). Os ovos são postos pelas fêmeas adultas de forma isolada ou gregária. As lagartas depois que eclodem dos ovos, depositados na planta da qual elas se alimentam, sofrem várias mudas, pois crescem muito, em alguns casos até 300 vezes em ralação ao tamanho do qual eclodem dos ovos. Entre as diversas mudas estão os diversos estágios chamados de instares. Depois de um certo tempo as lagartas formam as crisálidas para em seguida emergirem desta como adultos (borboleta). As borboletas têm uma dieta que consiste basicamente de néctar, pólen e líquido proveniente da decomposição de frutas, entretanto, existem espécies que não se alimentam na fase adulta utilizando as reservas acumuladas na fase de larva.
A seguir apresento algumas das espécies que consegui registrar aqui no bairro onde moro (Morada da Granja):

























Borboleta Coruja


Neste outono de 2010 fui  presenteado com a oportunidade de acompanhar a metamorfose de uma borboleta, nunca tive a chance, e talvez tempo e curiosidade de observar tal acontecimento. Minha sorte foi que tudo aconteceu em minha residência. Encontrei, em casa, três lagartas como a da foto abaixo.


Coloquei-as por várias vezes no meio das plantas do jardim, mas, elas sempre insistiam em retornar para a varanda da casa. Nem sabia eu que elas estavam procurando um local para fazer o seu casulo. Fiquei observando uma delas que se fixou embaixo de um aparador e que ali ficou por seis dias. No sexto dia para minha surpresa lá estava o casulo prontinho (foto abaixo).


Passados 30 dias eclode do casulo uma linda borboleta coruja da espécies Caligo eurilochus brasiliensis (Felder, 1826), fotos abaixo.  Esta espécie é a maior do Brasil, pois pode chegar a 18 cm de envergadura. Ela tem hábitos crepusculares e matutinos. Durante quase todo o dia, principalmente nas horas quentes, fica pousada na mata no tronco de árvores ou de uma bananeira. O indivíduo adulto alimenta-se de frutas em decomposição, fezes de animais, néctar de flores e sais do suor humano. Mesmo assim há espécies que não se alimentam na fase adulta vivendo apenas com as reservas que acumularam no tempo como lagarta. Existem cerca de 20 espécies no gênero Caligo. O indivíduo adulto pode viver por até 90 dias. Da eclosão do ovo até a completa metamorfose são cerca de 105 dias. Seus maiores inimigos são o homem, com o uso de inseticidas em plantações de banana, e vespas da família Trichogrammatidae. Esta vespas são pequenas e algumas chegam a ser os menores insetos existentes, a maioria das espécies tem menos de 1mm, são cerca de 80 gêneros espalhados pelo mundo.

OBS: Ótimas páginas para referência são:
http://www.scipione.com.br/educa/galeria/05_bc/index_borboleta.htm
http://www.lepidoptera.datahosting.com.br/

Embaúba


Fora do ambiente amazônico existem 3 espécies de embaúbas e elas são: a embaúba-branca (Cecropia pachystachya), a embaúba-vermelha (Cecropia glaziovi) e a embaúba-prateada (Cecropia hololeuca). Sem sombra de dúvida a mais comum é a embaúba branca, pois ela pode ser encontrada facilmente em áreas desmatadas e surgem como plantas pioneiras. Ela tem sido documentada no nosso litoral desde o Ceará até Santa Catarina, inclusive no interior do país nos estados de Goias, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Já as outras duas espécies de embaúbas são de mata da planície costeira e da floresta atlântica de encosta. No bairro onde moro como o entorno consiste de áreas antrópicas como capoeirões, só tive oportunidade de documentar a embaúba branca. De início tive muita dificuldade em identificar as três espécies, justamente por existir apenas uma nos arredores de onde moro e por ser um “botancio” amador iniciante. Entretanto, saindo à campo, com a ajuda de uma excelente bibliografia*, tive a oportunidade de documentar as três espécies que apresento aqui no forma de registros fotográficos, pois como dizem uma imagem vale mais que mil palavras.

Repare na figuras a,b e c acima as três espécies de embaúbas: a branca (a), a vermelha (b) e a prateada  (c). Geralmente, na primeira (a) a estípula (1) é de tons acinzentados, bem como a inflorescência (2), na segunda (b) a estípula é (1) de tons vináceos e a inflorescência (2) de tons avermelhados, e na terceira  (c) a estípula (1) é de tons castanhos e a inflorescência (2) tendendo para o preto.




Na figura (d) é possível observar, no interior de um ramo, parte de uma colônia de formigas do gênero Azteca,que só não aparece na embaúba prateada. Em (e) a seta mostra um orifício pelo qual as formigas têm acesso ao interior da planta, é bom destacar que na base do pecíolo (p) das folhas das embaúbas branca e vermelha há uma estrutura chamada de triquílio (t) que não aparece nas folhas da embaúba prateada.





Estas plantas são dióicas, ou seja, numa mesma planta só aparecem flores de um único sexo, portanto, flores masculinas e flores femininas aparecem em indivíduos separados, existindo desta forma plantas “machos” e “fêmeas”. Na embaúba-branca é fácil notar a diferença entre os dois sexos, pois as inflorescências são bem diferente em sua cor e aspecto como se pode observar nas fotos abaixo.



Na figura (f) pode-se observar os pedúnculos portandpo as inflorescências masculinas (1) e femininas (2) em forma de espigas. Note a diferença de cor as masculinas são de tons cremes e as femininas de tons esverdeados. Em (g) um segmento das inflorescências vistas em maior aumento  repare nas setas de (1) as anteras e nas de (2) o estigma.

Enrola-Semana [Ipomea cairica (L.) Sweet]



É uma planta daninha muito comum em terrenos baldios, pomares, pastagens, sobre cercas e beira de estradas de quase todo o Brasil. Nativa da América do Sul apresenta flores campanuladas de cor rósea ou branca, ela é perene, trepadeira, herbácea, e seu caule é muito ramificado e glabro. Sua propagação é feita somente por sementes. Ela pertence à família Convolvulaceae, que é de distribuição cosmopolita, com aproximadamente 50 gêneros e 2000 espécies. No Brasil são registradas 300 espécies distribuídas em 18 gêneros.
Sua flor campanulada é efêmera, abrindo-se pela manhã e fechando-se à tarde. Ela é pentâmera, diclamídea, isostêmone, hermafrodita, de simetria radial, gamopétala, dialissépala, de ovário súpero e bilocular com 2 óvulos por lóculo. A parte masculina da flor (androceu) é composta de 5 estames, sendo três menores e dois maiores, as anteras são de deiscência longitudinal. A parte feminina da flor (gineceu) é formada por um pistilo composto por um ovário, um estilo ou estilete e por um estigma. O ovário é bilocular e em torno dele há um disco nectarífero.

 Nas fotos acima estão uma flor em detalhe vista por cima (repare a fusao entre as pétalas = gamopétala) e um corte longitudinal da mesma mostrando em detalhe as partes masculina e feminina da flor.

Repare nas fotos acima detalhe de um corte da flor mostrando 4 das 5 anteras (an) e o estigma(es), na foto menor as pétalas foram removidas e pode-se observar detalhes da parte feminina da flor: o estigma(eg), o estilete(es) e o ovário(ov) que compõem o pistilo, nesta flor há um disco nectarífero(dn) que contorna a base do ovário. Observe os números 1,2 e 3 marcondo as sépalas e em pd o pedúnculo da flor.

Na foto superior um corte transversal na base da flor onde se observa as 5 sépalas cortadas (numeração de 1 a 5), O pedaço de uma pétala (p) e as duas lojas do ovário (circundadas em vermelho) com os óvulos marcados com asterísco. Do lado deste corte, ainda na foto superior estão o ovário e o disco nectarífero (dn) isolados, note o septo (s) que divide o ovário em dois compartimentos, cada um com dois óvulos (asterísco). Na foto inferior um corte longitudinal da base da flor onde pode-se ver: as sépalas (sp), as pétalas (pt), o disco nectarífero (dn), os óvulos (ovl), o septo do ovário (s) e alguns grãos de pólem (gp) que repousam sobre o sulco entre o ovário e o disco nectarífero.

 Nestas duas fotos acima um detalhe do estigma recoberto por grãos de pólem.

Jacuaçu X Carrapaterio

No dia 28/08/2011 tive a felicidade de registrar pela primeira vez, no bairro onde moro, um jacuaçu (Penelope obscura Temminck, 1815). Estava perseguindo este registro por muito tempo, pois várias pessoas da vizinhança já haviam me falado da presença do animal, pouco mais de um ano depois consegui avistá-lo e ainda fazer uma sequência de fotos em que mostram uma disputa de território entre ele e um casal de carrapateiros (Milvago chimachima Vieillot, 1816 ) que recolhiam gravetos para a construção de um ninho. Adoro observar a natureza, ainda mais quando consigo registrar momentos raros como este.